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domingo, 20 de maio de 2012

30d - Fogão "rocket" de tijolo para instituições

Estou convencido que os fogões tipo rocket podem ter grande utilidade para as instituições onde não há gás para cozinhar e onde se usam panelas grandes porque há muitas bocas a alimentar a cada refeição. Estas panelas têm 40cm a 60cm de diâmetro e 20cm a 30cm ou mais de altura.
 
Tenho visto cozinhas a funcionar com fogueiras feitas no chão.
 
 
Tenho visto também que tem havido tentativas de melhorar estas condições com fogões a gás, depois abandonados (ao fundo na foto) ou porque o fornecimento de gás não era fiável ou porque os fogões deixaram de funcionar e não havia quem os concertasse. 
 
Tenho notado também que em certos casos tem havido tentativas de instalar fogões tipo rocket mas estes, ou não funcionam porque foram mal construidos embora com boas intensões ou, como este na foto abaixo, são muito altos, pouco estáveis e de difícil acesso a mulheres e crianças que invariavelmente são as que precisam de trabalhar com as panelas pesadas.
  
 
Comparado com a armação de ferro que se vê no chão, estes fogões rocket não ajudaram em nada e por razões válidas foram abandonados.
 
Imeginei que poderiamos aprender com estas lições. E assim, um fogão tipo rocket de utilidade para muitas instituições precisa de ser muito estável e junto ao chão para melhor acesso e segurança de quem os usa. Precisa também de ser feito com materiais que possam ser facilmente substituidos quando se estragam.
 
Então, partindo de ideias já usadas em muitas partes do mundo e usando a ideia do Dr. Larry Winiarski que experimentou um fogão rocket feito com 16 blocos de adobe, imaginámos este modelo:
 

Consiste de 16 blocos de adobe (barro cru) que formam uma câmara de combustão bem isolada. Este isolamento é muito importante para o bom funcionamento destes fogões. E uma simples armação de ferro que pode ser retirada a qualquer momento por qualquer motivo.
 
Tem menos de 40cm de altura e até se parece muito com a armação de ferro que se vê nas primeiras fotos acima. É como se tivessemos apenas criado uma câmara de combustão dentro da armação de ferro já existente... o que teria sido feito se os blocos de barro cru lá coubessem.
  
Contrói-se com 16 blocos de adobe (barro cru) sobrepostos uns em cima dos outros:
 
  
A primeira camada é feita com 3 blocos e um meio bloco. No centro tem um bloco um pouco mais baixo do que os outros. Isto é para a câmara de combustão ser mais eficiente.
 
 
A segunda camada é feita com mais 3 blocos e um meio bloco como a anterior mas deixando uma entrada para o ar e a lenha na frente. Põe-se um bloco na frente para servir de apoio aos pedaços de lenha e para deixar o ar entrar por baixo da lenha.
 
 
A terceira camada, feita com 4 blocos vai começar a formar a câmara de combustão tal como mostra a imagem acima.
 
 
A quarta e última camada, também com 4 blocos, completa a câmara de combustão. O fogão está pronto para ser testado. Não é preciso argamassa. Os blocos ficam soltos assim mesmo. Se um se parte, substitui-se. Simples, não é?
 
  
Usam-se aparas de lenha, gravetos, papel ou folhas secas para acender o fogo dentro do fogão. Tal como se acende uma fogueira qualquer. À medida que o fogão aquece, o que leva pouco tempo, a chama no topo do fogão vai aparecer azulada. É sinal que a lenha está a queimar bem e que todos os gases combustíveis que normalmente se libertam da lenha e se perdem estão agora a serem queimados aumentando a temperatura da chama.
 
A queima destes gases não só torna a chama mais quente como reduz a poluição.
 
Antes de começar o fogo convém instalar a armação de ferro para não nos queimarmos mais tarde quando tudo estiver já muito quente. 
  
  
Está tudo pronto para por a panela ao lume. A panela na imagem tem uns 20cm de altura e o fogão uns 35cm de altura. Uma boa altura mesmo para pessoas pequenas. Não tem abas e pode-se tirar a panela sem ter que a levantar muito. Isto para facilitar a vida das pessoas mais baixinhas e reduzir as possibilidades de a panela se entornar e queimar quem esteja por perto.
 
As abas são úteis para concentrar o calor que se perderia pelos lados da panela. Neste caso podem-se instalar abas assentes no chão. Este modelo tem duas meias abas, uma de um lado do fogão,
  
   
e outra aba do outro lado,
  
 
para ser mais fácil colocá-las e retirá-las. Com umas pegas até ficaria melhor. Estas abas podem ficar muito quentes.
 
Por último, fizemos questão de contar com as panelas maiores e assim, uma panela de 55cm de diâmetro e 30cm de altura ficaria bem aconchegada para fazer uma sopa muito boa.
  
 
Este tipo de fogão não usa grandes pedaços de lenha. Usa lenha miúda, lenha que fica quando já não há mais lenha grande. Isto facilita a tarefa de encontrar lenha além de que a lenha miúda é mais barata.
 
Também as crianças que nos lares e centros de acolhimento ajudam na cozinha já não precisam de levantar grandes troncos de lenha. Menos trabalho, né? E menos acidentes.
 
O video anexo é do Dr. Winiarski. Recomendo que vejam. Vale a pena.
  
 



sexta-feira, 11 de maio de 2012

04a - Uma habitação ventilada

Para ventilar uma habitação sem precisar de ventoínhas e outros aparelhos elétricos temos que criar aquilo a que se chama um efeito de chaminé
 
 
O efeito de chaminé acontece quando ar fresco e mais frio vindo do exterior entra na habitação, de preferência junto ao chão, e o ar quente, o ar húmido, o ar cheio de fumo e de cheiros, sai por uma abertura junto ao tecto.

O efeito de chaminé pode ser ainda mais efetivo se o vento ajudar e se a habitação estiver construida para tirar partido dos ventos que habitualmente sopram no local onde a habitação está contruida.
 
Vamos ver alguns detalhes práticos de uma habitação bem ventilada mas também bem isolada e construida de modo que a humidade não se acumule.

Vamos começar pelas fundações.
 
  
As fundações devem ser contruidas com pedra e cimento ou com blocos de cimento para resistirem à humidade do solo. Devem também ser feitas de modo a que a base das paredes e o chão da habitação fiquem acima do nível do terreno uns 10cm a 15cm.
    
 
Enche-se o espaço dentro das paredes das fundações entulho, com terra, ou uma mistura de terra, areia e pedra e compacta-se muito bem este material. 
 

Neste exemplo constroem-se as paredes com tijolo cozido, tijolo cru, também chamado de adobe, com pau-a-pique, barro, ou tijolos de terra compactada. Todos os materiais à base de barro são muito mais protectores do calor e do frio. O barro pode durar muito tempo. É só preciso fazer um pouco de manutenção e construir um telhado que não deixe a chuva cair diretamente nas paredes.
 
  
 
Agora, com as paredes construidas, podemos construir o telhado. Tal como é muito usado, construimos o telhado com vigas, réguas e paus de modo a fazer uma grade sobre a qual se monta a chapa de metal que servirá de cobertura para a habitação. Para proteger as paredes é importante que o telhado tenha uns beirais com uns 40cm, mais ou menos. Mas para cada clima é preciso ajustar esta medida.
 
  
Antes de montar o telhado, ou mesmo depois, instalamos o material isolante entre as vigas do telhado. Este isolamento vai proteger a habitação do calor do sol e do frio. Se o isolamento for colocado entre as vigas, podemos depois forrar o tecto com caniço ou esteira para ficar mais atraente. 

 
Finalmente instalamos a chapa metálica que serve de cobertura e proteção contra a chuva. E temos a nossa habitação pronta a ser habitada.

Há alguns pormenores que vale a pena mencionar. Considerações importantes quando se constroem as paredes.

Janelas e entradas de ar
  
Uma solução para as janelas é de construir portadas como mostra a figura. Estas portadas protegem do sol e da chuva. Não precisamos de ir a correr fechar estas portadas quando começa a chover.
   
   
É muito importante abrir entradas de ar junto ao chão para deixar entrar o ar que junto ao chão é sempre mais fresco.
  
  
Estas entradas podem ser protegidas por fora com grades e por dentro com portadas como mostra a imagem. As entradas de ar devem ser sempre o mais junto ao chão possível, do lado do vento e, se possível, do lado da habitação com mais sombra.

As saídas de ar devem ser construidas o mais perto do tecto quanto possível. Neste exemplo as saídas de ar estão entre as vigas do telhado e protegemos as aberturas com rede de metal. Podem também ter portadas para o tempo frio. As saídas de ar devem ser do lado oposto ao vento.

 

Nesta imagem vemos uma janela com uma entrada de ar protegida por uma portada tipo estore e duas saídas de ar junto ao telhado protegidas com rede de arame.
 

Nesta imagem dá para ver que as saídas de ar estão mesmo junto ao telhado.


Quando se coloca o isolamento é preciso não tapar as saídas de ar.


Aqui o isolamento não tapa completamente o telhado por dentro para deixar o ar sair com mais facilidade.

  
Escolhemos uma habitação de formato simples para servir de exemplo. Cada um pode usar ideias diferentes. As janelas podem ou não ter vidros e grades. Mas o importante é construir, quando se constroem as paredes, as aberturas necessárias para as entradas e saídas de ar.

Noutro blogue podem ver-se ideias sobre o tipo de isolamento e como este pode ser fixo ao telhado.

O importante é:
  • Fundações elevadas acima do nível do terreno
  • Barro para as paredes
  • Chapa metálica no telhado
  • Isolamento por dentro do telhado
  • Entradas de ar junto ao chão
  • Saídas de ar junto ao tecto
  • o comportamento dos ocupantes
E um pouco de imaginação e criatividade. Por exemplo, durante a noite há mais ar fresco e por isso abrem-se bem as entradas de ar. Mas durante o dia quando faz muito calor, talvez seja melhor fechar as entradas de ar.

Durante os meses frios talvez seja mais confortável manter as entradas de ar abertas durante o dia e fechadas de noite.

Uma casa bem ventilada e isolada reage bem aos nossos comportamentos. Tal como trocamos de roupa conforme o clima, também devemos mudar o modo de ventilar uma habitação conforme o clima e o tempo que faz lá fora.